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terça-feira, 12 de abril de 2011

Realengo

Após muito pensar e calcular minhas palavras para não parecer estranho meus pensamentos e manter o respeito. Primeiramente quero começar prestando minha homenagem às famílias das vitimas de Realengo, sinto muito pela perda de grandes pessoas que tinham tudo para mudar o mundo! Estavam no melhor lugar para começar essa demanda. Desejo muita saúde aos feridos e uma boa recuperação, a eles e aos que sobreviveram, mas que carregaram este trauma na lembrança. E quero deixar claro, não estou defendendo ninguém!
Após o fato que deu um grande tapa na cara dos brasileiros, aproveito logo para dar um soco e acordar de vez nossa sociedade que já se acostumou aos tiroteios matinais nas favelas, às drogas diárias na esquina destruindo uma família de cada vez. Já que todos querem culpar alguém, vou começas as acusações.
No caso, não foi somente o Wellington Menezes que puxou o gatilho naquele dia. Foi toda a sociedade. Foi quem inventou as armas, foi quem vendeu as armas, quem o ajudou. O culpado é a rotina desta nossa sociedade programada, cheia de regras de comportamentos, de relações, do que é bom e mal, do que pode ser e o que não pode ser, de tudo isso que é inserido em nossa cabeça desde crianças, assim apagando desde cedo a humanidade dentro de nós, nós tirando a razão natural e o valor de um bom sentimento. No lugar insere a razão comum para a existência no sistema em que vivemos: que se baseia no consumo pela felicidade, no trabalho por papeis coloridos, e sentir tudo o que dizem que é bom sentir e repudiar tudo o que sai disso! Uma programação que nos domestica a uma vida de falsa liberdade!
Esta falda liberdade é o que nos remete aos maiores choques com a realidade, e que nos leva a dois caminhos, loucura, ou conformismo! E com essa falsa liberdade que achamos que podemos agir, ser quem a gente quer ser, e mesmo que isso não afete ninguém, as pessoas têm reações diferentes, e logo somos alvo de preconceitos, agressões orais e físicas, excluído socialmente, ou seja só se é livre da forma que a sociedade deixa ser! Como numa fazendo, se a ando onde quiser, mas dentro das cercas.
É todo esse arranjo social construído pelas poderosas corporações, que sempre saem lucrando com isso, que a sociedade é moldada. A exemplo são os estereótipos divulgados nos meios de comunicação, a manipulação de sentimentos e desejos dos publicitários sobre todos os consumidores, incitando neles o espírito de competição para trabalharem melhor, rendendo mais e comprando mais. Sobre isso constroem o desejo de submissão do próximo para o crescimento e firmação da potencialidade individual!
É nesta selva ilógica, onde vivemos em grupos, mas em nossos egoísmos, que perdemos os juízos atrás de papeis, que ninguém pensa que valem menos que a vida de alguém. É nesta selva ilógica que perdemos o sentido de toda a existência quando o choque com a realidade é dramática, e quando somos sensíveis demais e humanos demais para esconder nossos sentimentos.
É desta forma que a sociedade cria seus monstros! A culpa dos gatilhos puxados é de cada um que um dia sofreu ou praticou o preconceito, a culpa é do consumo que patrocina o domínio da criação de valores artificiais que moldam nossas ilusões de desejos, a culpa é dos políticos pela falta de valorização da saúde e da educação, fora a falta de ética e sua exagerada corrupção, a culpa é da nossa ignorância e da nossa falta de humanidade! Culpem a podridão humana que precisou de um tapa desses para acordar! Acorda brasil!

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